Léo e Lucy - Parte 1/4
Leocádio
Leocádio era um sujeito estranho. Se preferir, esquisito. E tantas eram suas esquisitices que alguns diziam que ele era bipolar; outros, esquizofrênico; e alguns outros, maluco mesmo. Mas todos o admiravam de alguma forma.
Leocádio era considerado um advogado brilhante, respeitadíssimo no meio do Direito e o melhor da Fletcha Olivares Duarthe Advogados. Advogava em várias áreas, mas tinha predileção (e era mais requisitado) em Direito Trabalhista. Nunca perdera uma causa. Aliás, já ganhara em casos semelhantes tanto estando do lado do empregador como do empregado. Só não admitia representar sindicatos, associações classistas e partidos políticos. E também só aceitava um cliente na esfera criminal quando tinha a mais absoluta certeza de que este não era um criminoso.
Amava a sua profissão. Mesmo assim, salvo em raríssimas ocasiões, ele não se permitia falar de trabalho fora do horário comercial. E por causa disso recusara diversos convites para lecionar.
Ou seja, de uma maneira geral, das 8 às 18 horas era o Dr. Leocádio, o homem das Leis, sério, temido pelos adversários, rígido com os estagiários e que, literalmente, não brincava em serviço. Porém, findo o seu expediente, Dr. Leocádio se transformava no alegre e jovial Léo. Ia à academia três vezes por semana, jogava society às quartas e todas as sextas ia ao happy-hour do escritório com o pessoal da Fletcha Olivares Duarthe Advogados. Aliás, todos torciam para que o Dr. Leocádio não tivesse compromissos às sextas. E como, de fato, raramente tinha, sempre se deliciavam com as piadas, as diversas histórias e os comentários bem-humorados que Léo sacava mesmo quando o assunto era sério.
Apesar de ter muitos admiradores, Leocádio não tinha amigos pessoais. Não sei se existe amigos impessoais, mas o fato é que seus amigos do trabalho, da academia, do futebol, da faculdade, etc, não frequentavam sua casa, não conheciam sua família, pouco sabiam sobre sua vida além daquele espaço que compartilhavam.
A característica de Leocádio que importa aqui neste conto que vos conto é: ele era completamente louco por sexo. Era quase um vício. (Não entrarei em detalhes porque este é um blog família). Mas, como toda esquisitice sua, havia um outro lado: ele jamais, em hipótese alguma, trairia a sua esposa Lucíola.
Marcadores: Contos
2 Comments:
At 5 de dezembro de 2006 às 09:35, Juliana Marchioretto said…
esperto esse cara...
se todos deixassem os assuntos de trabalho no trabalho, acho que todo mundo seria menos estressado e daria mais valor ao que importa realmente..
beijos
At 5 de dezembro de 2006 às 13:43, Anônimo said…
Muito interessante...mal posso esperar pela parte 2/4!!
Abraços
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