A primeira ficha

A mensagem que chegou no celular dela informava que o resultado já estava disponível para consulta pela internet. Porco incidência, digo, por coincidência, nosso computador deu pau no dia anterior e estávamos sem internet em casa. Era sábado, tínhamos um aniversário pra ir e, acho, não teria nenhuma lan no caminho. Portanto, teríamos que esperar até segunda-feira.

No caminho para o aniversário – do meu sobrinho, Lu – eu tive uma idéia. Paramos no Mac, tomamos um café e aproveitamos pra usar a internet.

A página demorou uma eternidade para carregar, mas, enfim, o resultado surgiu.

- É isso mesmo?
- É! – eu ria.
- Peraí, deixa eu ver direito...
- É isso mesmo... Olhaí... – eu ria.
- Quer dizer então...
- É!

Seguimos para o aniversário contentes, mas sem falar muito no assunto. Curtimos a festinha como se nada tivesse acontecido. No decorrer da semana também pouco se falou no assunto. Até a sexta, quando passamos no consultório.

- Vamos ver se está tudo bem... Já estou vendo... Assim que o computador terminar de salvar o anterior, vai aparecer na TV pra vocês verem... Vem ver aqui, Camilo...

Na tela, um... um... como vou descrever?... bem, a imagem pulsava.

- Está tudo bem, no lugar certo, tem 8,9mm e isso que você vê são batimentos cardíacos e...

Ela falou em saco gestacional e outras coisas, mas eu não conseguia prestar atenção.
Só sorria, arrepiado, os olhos marejados... E olhava aquilo ali pulsando.

Plim!!! Caiu a primeira ficha. Não sei bem dizer o que pensei , mas naquele momento eu percebi que aquilo que eu já sabia era muito sério, porém lindo, muito lindo.

E que eu vou ser PAI. Mesmo.

Viram? Já tô começando a ficar bobo.
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